A notícia do regresso de Dr. Fadul à política activa não terá apanhado de surpresa os analistas políticos guineenses. Um país onde os políticos teimam em afinar cada vez mais os seus desregulados espíritos de vingança, ninguém se dá por vencido ou derrotado em quanto a cura da humilhação não fazer desaparecer a cicatriz das queimaduras.
Fadul não é o primeiro e não será o último. Antes dele, também “Nino” o fez, seis anos de silêncio sem silêncio e de política sem política em Portugal. Quem diz “Nino” diz também Kumba Ialá, que ganhou asas para voltar à política sob pretexto de igualdade de oportunidade com a candidatura do “Nino”. Estes antecedentes mostram-nos simplesmente que estamos num país de promessas sem consequências, onde o importante não é cumprir mas prometer.
No entanto, entre Fadul, Kumba e o “Nino”, há uma grande diferença. Se o Kumba e o “Nino” têm conquistado o obscurantismo do eleitorado guineense com carisma de políticos populistas, Fadul ao contrário, conquistou sobretudo o eleitorado esclarecido não só com a eloquência, mas também com promessas populistas que não chegou a cumprir. Isto, numa democracia eleitoralista como é o caso da Guiné, não podia deixar de ser um caminho melhor para a morte política. Acontece que o Dr. Fadul não quer assumir que é um condenado político ao falhanço, algo muito estranho para uma pessoa bastante inteligente como o senhor Francisco José Fadul.
O regresso de Fadul não tem a ver com a questão monetária ou de subsistência como alguns nos querem vender. O regresso do senhor Fadul tem a ver com a honra no espaço público e social e tem a ver também com o espírito guineense do pós independência, a vingança e a intriga, princípios caros ao PAIGC e a todos aqueles que por lá andaram. O regresso de Fadul nunca será igual ao de Kumaba e muito menos poder-se-á comparar com o do “Nino”, não porque seja menos intrigante ou menos rancoroso que os dois primeiros, mas porque tem um campo bastante limitado e sobretudo porque queimou a única carta branca que tinha, isto é, o apoio das massas esclarecidas.
A Guiné eleitoral não tem uma visão ou uma perspectiva de pensamento e de projectos, mas de clã e de pertença étnica e histórica. O senhor Fadul não tem nenhuma destas categorias, basta ver o que lhe aconteceu na sua própria região. Quantos votos tiveram? Quantos deputados conseguiu em Mansoa? Fadul podia ter virado a página do eleitoralismo por pertença étnica ou regional, não o conseguiu fazer e como se isso não bastasse, queimou-se ao apoiar o “Nino”. O regresso de Fadul abre possibilidade para uma nova pergunta da actualidade política guineense: Será que o “Nino” continua a ser o principal problema político guineense ou é apenas a imagem de um grande problema político guineense. Quanta gente trocou os seus familiares defuntos do “Nino” por um lugarzinho no ministério ou nas directorias? Qual é a verdade que o Fadul tem a dizer que ainda não sabemos? Porque será?
Ps: artigo produzido para CM.
Ps: artigo
2 comentários:
Reza-se popularmente que a última coisa a morrer no homem é a Esperança.Pois é, a Esperança faz-nos sonhar e o sonhar alimenta e sustenta o nosso viver quotidiano.O sonhar faz-nos erguer para uma existência mais animada e encoraja o nosso caminhar diário neste mundo em rota de colisão.Sem a Esperança não teríamos a coragem de sonhar e sem o sonho seríamos uns desgraçados autómatos ou uns verdadeiros cádeveres ambulantes.É provavelmente esta mitologia popular de que a última coisa a morrer é Esperança que,infelizmente e fatalmente tem constrangido o Dr José Francisco Fadul a mais uma aventura ambigua no jogo de xadrez político guineense de que ele, mais de que ninguem, conhece já o porto:o eterno começo.
O Dr. Faudl é um homem inteligente e eloquente. Mas o que valem a inteligência e a eloquência se não são acompanhadas de palavra dada? A que servem a inteligência e a eloquência se não são corrobadas de uma persnolidade forte, corente e uniformemente rectilínea? Ultimamente, no seu passado recente, o Dr José Francisco Fadul nos tem habitado a sua atitude repleta de suas contradições antagánicas.Se não vejamos,o Dr.Francisco Fadul, em 2004, havia declarado peromptoriamente perante todos a sua definitiva retirada do mundo da política activa para se dedicar inteiramente ao ensino.Gritei "BRAVO, Fadul, mais "une tête bien faite" para as nossas récem-instituidas Universidades".Infelizmente, perante as luzes da "Terra Prometida"(a Politica guineense como trampolim para uma vida assegurada), eis de novo, o nosso homem entre e na comapanhia dos seus semelhantes nos barulhentes TIR pelas ruas de Bissau."Que desgraçado; que hipócrita" me vinha vontade de exclamar em altos brados."Kuma di fassi? Kim ki kustuma i kustama som".Quem, pela primeira vez, teve a má sorte de se embriagar, sem dúvida, pela segunda vez, hã-de embriagr-se. Por conseguinte, o nosso intelginete e eloquente Dr. José Francisco Fadul não pode nem poderá, de modo algum, constituir excepção.A ver vamos. Embora nos tenha flagrantemente traído e não nos tenha pedido desculpas publicamente,tenhamos, mais uma vez, a coragem de conceder-lhe um crédito de confiança."A bon entendu salut".
Francelino
Caro Inácio Valentim,
Que bom ter voltado a permitir aos leitores essa opção de comentarem os seus textos. Na minha opinião, seria um completo absurdo, deixarmos que um paupérimo insignificante, ganha alguma significância neste espaço.
Um abraço.
Saié Braié Na Nhakpa
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