Os meios de comunicações oferecem, normalmente, imagens de um sofrimento sorridente de África. É uma cumplicidade indiferente com a tragédia, que tende a eternizar-se
Não sei se nos compete escrever uma literatura de consolo sobre África. O certo é que a África precisa de consolo. Primeiro, para a auto-geração do seu ethos e, segundo, para dar uma imagem para o exterior de que está viva. Certamente que isso alegraria os deuses. Mas não o homem que vive e sobrevive à custa das migalhas de um eterno sofrer.Os deuses estariam contentes com uma imagem de África sorridente. Poderiam auto-desculpar-se e, quem sabe, renovar e consolar a própria consciência de uma África criada para sorrir, sofrendo. As imagens, fotografias e reportagens que os meios de comunicações nos oferecem, normalmente costumam trazer um sofrimento sorridente de África.Uma cumplicidade indiferente com a tragédia. O sofrer já não é uma excepção que quebra uma regra, mas uma normalidade com desejo de eternizar-se. Apesar de tudo isso, ainda terão de acreditar que aquele que os criou também os quer todos inteiros. Uma linguagem de consolação para contrapor à linguagem catastrófica, mas nem por isso menos verdadeira.
Inácio Valentim FÁTIMA MISSIONÁRIA
Não sei se nos compete escrever uma literatura de consolo sobre África. O certo é que a África precisa de consolo. Primeiro, para a auto-geração do seu ethos e, segundo, para dar uma imagem para o exterior de que está viva. Certamente que isso alegraria os deuses. Mas não o homem que vive e sobrevive à custa das migalhas de um eterno sofrer.Os deuses estariam contentes com uma imagem de África sorridente. Poderiam auto-desculpar-se e, quem sabe, renovar e consolar a própria consciência de uma África criada para sorrir, sofrendo. As imagens, fotografias e reportagens que os meios de comunicações nos oferecem, normalmente costumam trazer um sofrimento sorridente de África.Uma cumplicidade indiferente com a tragédia. O sofrer já não é uma excepção que quebra uma regra, mas uma normalidade com desejo de eternizar-se. Apesar de tudo isso, ainda terão de acreditar que aquele que os criou também os quer todos inteiros. Uma linguagem de consolação para contrapor à linguagem catastrófica, mas nem por isso menos verdadeira.
Inácio Valentim FÁTIMA MISSIONÁRIA