sábado, 16 de maio de 2009

ÁFRICA, O ETERNO MURO DAS LAMENTAÇÕES

A realidade do sofrimento construiu um muro invisível, nos céus das fronteiras africanas. A paz e a riqueza dos ideólogos das independências desabaram no mar de incerteza e de contínuas lutas fratricidas. No meio deste turbilhão do morrer na lentidão, um pequeno grupo assenhoreia-se do sangue daqueles que vivem para morrer lentamente. Por infelicidade, estão a ser desgovernados com rapidez.Nada pergunta pelo futuro. Quanto muito, alguém poderá perguntar: onde poderei encontrar o primeiro e último pedaço de pão? E porque não rematar com o livro das Lamentações, porque “a minha alma está excluída da paz, (e) esqueci a felicidade”. Naturalmente aqui falamos da paz e da felicidade política, da falácia da ideologia.O paradoxo é que, enquanto uns caem como folhas secas, nas suas costas são assinados contratos milionários com as empresas e parceiros ocidentais. É uma nova forma de comprar o sofrimento para depois desmanchá-lo na praça da desumanidade. O dinheiro e a técnica já não nos permitem ver o pobre como aquele que sofre as consequências das nossas más acções, mas permite-nos vê-lo como aquele que deve existir para que a técnica faça o seu caminho e para que o dinheiro dite as regras do jogo da imoralidade.
Inácio Valentim FÁTIMA MISSIONÁRIA

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