quinta-feira, 19 de julho de 2007

A GRANDE “SELVA” SELVAGEM


Há razões mais do que suficientes para perguntar porque é que a Guiné-Bissau se tornou tão importante para o Ocidente nestes últimos tempos, sobretudo para aquele Ocidente que fala o Inglês. Na realidade, no templo do tempo que nos habita, não há memória de que a Guiné-Bissau tenha sido alvo de menção pela imprensa internacional tantas vezes em tão pouco tempo como tem estado a acontecer ultimamente. Algo mudou e mudou drasticamente. Esta mudança não tem a ver com o retrocesso ou a melhoria de vida dos guineenses. A própria palavra “mudança” não faz muito sentido aqui, uma vez que infere sempre à positividade de acção. O que aconteceu é que pela primeira vez na sua história, o país da “grande selva selvagem” tem a possibilidade de ferir directamente o coração do desafogado mundo Ocidental.
Até aqui, as turbulências político-militares guineenses têm sido vistas como actividades normais entre gentes que vivem ainda numa era que oscila entre a denominação de sub humanos e quase humanos. Neste momento o paradigma mudou, o narcotráfico vai trazer um outro tipo de relacionamento entre a Guiné-Bissau e a comunidade internacional, resta saber se a comunidade internacional não vem demasiado tarde para definir este mesmo paradigma.
O interesse da comunidade internacional pela Guiné faz lembrar a reacção de um politólogo francês à acusação europeia de que os israelitas reagem desmedidamente às agressões palestinianas: “voltaremos a falar quando o terrorismo se abater verdadeiramente na Europa”, dizia ele. Pois bem, depois de Madrid e de Londres, nunca mais os europeus viram o terrorismo com o mesmo olhar de antes.
Os pretensos interesses da comunidade internacional em salvar a Guiné-Bissau do naufrágio narcótico não passam de mera prevenção de interesses próprios. Todos sabemos que a continuar o desmando a que país se mergulhou, não serão certamente os guineenses a sofrerem mais, mas sim, os estrangeiros com o poder de compra, por uma simples razão: estando os governantes e militares guineenses metidos no narcotráfico até ao pescoço, não punirão com exemplaridade os seus respectivos vendedores nacionais caso sejam detidos, uma vez que são os veículos seguros para o desafogo das economias dos governantes e militares.
Mais do que no campo guineense, a bola do narcotráfico está do lado da comunidade internacional. Hoje a alerta está lançada em inglês porque o mercado dos EUA continua a ser um dos grandes destinatários que a droga proveniente da Guiné-Bissau procura satisfazer. O veredicto do tempo político é particularmente crucial quando as coisas se dão pela negativa. O guineense normal vai vivendo a sua vida de costume longe dos reboliços dos narcotráficos fabricados pela comunidade internacional através da viciada vitória presidencial de 2005.

6 comentários:

Anónimo disse...

Meu caro Valentim, Produzir bons artigos como você tem estado a fazer implica sempre parar, pensar e reflectir. Ainda bem que acordou do seu sono ao lado das pessoas que só sabem produzier lixos. Ja que se curou da quela má companhia procure curar também a sua antipatia contra o GENERAL NINO VIEIRA. As sua análises são excelentes mas pecam por ódio ao seu PRESIDENTE.
Passar bem.

Inácio Valentim disse...

Lamento meu caro anônimo, não tenho ódio ao presidente "Nino" Vieira. Simplesmente sei fazer diferença entre a verdade e as inverdades históricas.

Inácio Valentim.

Anónimo disse...

A Guiné-Bissau é um Estado em estado de decomposição, é preciso que juntemos as vozes solicitando a Comunidade Internacional uma acção financeira concreta para salvar aquele País.
Vocês limitam-se a criticar, e, nunca se preocupam em lançar um veemente apelo ao Mundo no sentido de passar das palavras aos actos.
Prometem, prometem, exigem cumprimentos de milhares de condições para auxiliarem com algum dinheiro, condições essas que nunca podem ser cumpridas sem que haja condições financeiras para o fazer. Um autêntico contra-senso.
Os Senhores donos de Sites e Blogs, ao invés de se limitarem a publicitar o que de mal lá se passa, podiam e de que maneira contribuir para que haja apoios concretos àquele País de maneira que se consiga pelo menos algum equilíbrio orçamental para o pagamentos de salário.
Nenhum governo sem apoios externos concretos conseguirá resolver os problemas da Guiné.
Sobre a questão da droga o Nacionalismo exige defender a nossa Guiné. Nós não cultivamos, nós não produzimos drogas.
O moribundo Estado da Guiné não tem condições de controlar e dominar a força dos narcotraficantes.
Não temos meios aéreos nem navais para atacar mais ao fundo esse problema. Devemos combatê-lo, mas que nos dêem apoios concretos e não uma mão cheia de promessas vãs que nunca mais se concretize e entretanto passam a vida a falar mal da nossa Terra.
Eles que ataquem as fontes de cultivo de droga, Colômbia por exemplo, e, também que eduquem os seu ricos filhos Europeu, Americanos e etc. a não consumirem a porcaria da Droga.
Porquê que na Holanda por ex. liberalizaram algumas drogas? Porquê que andam sempre a criar salas e mais salas de chuto por esta Europa fora ao invés de educarem os seu filhos para não consumirem as drogas?
E nós é que temos de pagar por falhas sociais do chamado Mundo rico? Deixem-se de coisas.
Um falso Guineense escreveu no seu Site que os EUA iriam agir por conta própria na Guiné por causa da droga. E porquê que não queimam os campos de cultivo em toda a América Latina?
Sejamos mais Guineenses e menos articulistas pasquinentos que se limitam a denegrir quanto mais podem a já nossa pobre e moribunda Guiné-Bissau.

Tenho dito.

Anónimo disse...

Arrepia-me a pele e fico revoltado quando ouiço alguns discursos piedosos camublados de nacionalismo. Claro me refiro a situação da nossa Guiné-Bissau que, para alguns já é um Estado narcotráfico e para outros é apenas o início do seu "narcotraficalismo". E os dircursos divergem-se quanto a sensiblidade e os interesses em causa. Digo arrepia-me a pele perante alguns discursos piedosos de alguns Guineenses acerca da acutal situação do nosso amado e valente país. Desde os actuais governantes do país até aos seus apoiantes bem aos fariseus guineenses, a Guiné-Bissau não tem meios para enfrentar as suas dificuldades e sobretudo o problema de droga que denigra imensamente a imagem da Nação e de todos os Guineenses dignos desse nome e compreendendo os inconscientes narcotráficos guineenses. Quem é digno do nome guineense que não se lembra em condicões materiais e humanas que a Guiné-Bisau decidiu enfrentar o regime colonial e facista português? Que tipos de aviães usavam os valentes jovens guerrilheiros para transportar os materiais e mantimentos de Boké para a zona de Koboyana? Em que condições materiais e humanas foram feitas a Luta de Libertação Nacional desde da fundação de PAICG em 1956 até no dia 23 de Setembro de 1973 data da proclamação na Nação guineense nas Colinas de Boé? Ao longo de 11 anos de Luta de Libertação Nacional que meios usavam para combater os militares portugueses que a Guiné-Bissau não dispõe nos dias de hoje? Não sejamos e nem devemos aceitar que nos tratem de retardos mentais no trato da actual situação de droga no nosso país. Não sou de Idade Média, ma não aceito que a situação aguda que o nosso país atravessa e especial a de droga seja abordada de uma forma ligeira e piedosa como fora feita até agora. Sejamos honestos,lúcidos e coerentes connoscos próprios que o problema não se põe por falta de materiais e meios humanos. O que está em questão é a falta de vontade política na bordagem desse novo fenómeno e do seu combate no nosso país.Quer desse lado quer daquele outro, no trato do problema na Guiné-Bisau, os nossos discursos cruzam num único:criar emoções, usando falsa e hipocritamente o factor pobreza para fazê-lo. A Guiné-Bisaau vive os piores momentos da sua história em todas as dimensões. O problema da Guiné-Bisau é falta de uma verdadeira liderança e todos nós agimos animados e obcecados pelos nossos interesses pessoais e muitas das vezes estranhos aos interesses nacionais e ao bem comum da Nação.Estranho! Todos os discursos dos actuais govenantes desaguam sempre no mesmo rio: falta de materiais. Que fantasia! Mas pergunto: onde foram encontrados materiais e homens e mulheres que, em 1998/99, durante 11 meses reduziram o país na sua configuração de hoje? O que fazem os 15 mil miltares dos três ramos da FARP que "povoam" toda a Guiné-Bissau de lés-a-lés? Os cómicos, certameente, respoder-me-ão que "ora ki garandi kasa ta tchami fidjus tudo ta narinori" e têm razão. Os outros dirão, com certeza, que todos são iguais. O problema de droga pode ser resolvido de uma vez por todas, mas como as eleições estão a porta certamente todos estão na luta de angariar fundos para a comprar a consciência dos miseráveis e de muitos intelectuais fabulosos que nunca perdem nenhuma ocasião de trocar a honestidade intelectual pela indigência.
Mas também se temos a consciência que nos faltem os materiais adequados para combater esse fenómeno, porque razão não se senta e solicitar os peritos na mateéria para elaborar os projectos apropriados e apresrntá-los aos países, aos organismos e amigos da Guiné-Bissau para que possam ter a conscência das nossas necessidades e dar "uma mão" no que são capazes? Curisoso! De 1973 até 1998, as nossas incapacidades e irresponsabilidades na gestão das coisas públicas eram atribuídas ao colonismo português. Mas de 1999 a esta parte, tudo a culpa da guerra civil. A Guiné-Bissau está decapitalizada por causa da guerra de 1998/1999.A culpa é atribuída a guerra como se essa mesma guerra fosse estranha aos Guineenses, quando todos nós éramos conscientes de que algo errado estava a ser progressivamente construído desde 1985, quando, de repente, os "lobos", a revalia da lei natural, começaram a comer uns outros.Que estranho! O Guinense perdeu a noção da sua própria dignidade e tornou-se estranho a si mesmo, um homem, uma mulher, um hábil artista na externação das suas irresponsablidades e incapacidades, encontrando sempre ardilosa forma de se isentar das nefastas consequências dos seus actos irresponéveis. Mas até quando?

Anónimo disse...

O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES

Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.

Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Ainda em 1959 funda o movimento de libertação dos territórios sob a dominação Portuguesa.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.

Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .


Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.

A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).

Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.

Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.

Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.

Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.

Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo - Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.

Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.

Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.

Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.

Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).

Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .

Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.

Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.

A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.

Anónimo disse...

O PERCURSO De DR HUGO JOSÉ AZANCOT DE MENEZES

Hugo de Menezes nasceu na cidade de São Tomé a 02 de fevereiro de 1928, filho do Dr Ayres Sacramento de Menezes.

Aos três anos de idade chegou a Angola onde fez o ensino primário.
Nos anos 40, fez o estudo secundário e superior em Lisboa, onde concluiu o curso de medicina pela faculdade de Lisboa.
Neste pais, participou na fundação e direcção de associações estudantis, como a casa dos estudantes do império juntamente com Mário Pinto de Andrade ,Jacob Azancot de Menezes, Manuel Pedro Azancot de Menezes, Marcelino dos Santos e outros.
Em janeiro de 1959 parte de Lisboa para Londres com objectivo de fazer uma especialidade, e contactar nacionalistas das colónias de expressão inglesa como Joshua Nkomo( então presidente da Zapu, e mais tarde vice-presidente do Zimbabué),George Houser ( director executivo do Américan Commitee on África),Alão Bashorun ( defensor de Naby Yola ,na Nigéria e bastonário da ordem dos advogados no mesmo pais9, Felix Moumié ( presidente da UPC, União das populações dos Camarões),Bem Barka (na altura secretário da UMT- União Marroquina do trabalho), e outros, os quais se tornou amigo e confidente das suas ideias revolucionárias.
Uns meses depois vai para Paris, onde se junta a nacionalistas da Fianfe ( políticos nacionalistas das ex. colónias Francesas ) como por exemplo Henry Lopez( actualmente embaixador do Congo em Paris),o então embaixador da Guiné-Conacry em Paris( Naby Yola).
A este último pediu para ir para Conacry, não só com objectivo de exercer a sua profissão de médico como também para prosseguir as actividades políticas iniciadas em lisboa.
Desta forma ,Hugo de Menezes chega ao já independente pais africano a 05-de agosto de 1959 por decisão do próprio presidente Sekou -Touré.
Ainda em 1959 funda o movimento de libertação dos territórios sob a dominação Portuguesa.
Em fevereiro de 1960 apresenta-se em Tunes na 2ª conferência dos povos africanos, como membro do MAC , com ele encontram-se Amilcar Cabral, Viriato da Cruz, Mario Pinto de Andrade , e outros.
Encontram-se igualmente presente o nacionalista Gilmore ,hoje Holden Roberto , com o qual a partir desta data iniciou correspondência e diálogo assíduos.
De regresso ao pais que o acolheu, Hugo utiliza da sua influência junto do presidente Sekou-touré a fim de permitir a entrada de alguns camaradas seus que então pudessem lançar o grito da liberdade.

Lúcio Lara e sua família foram os primeiros, seguindo-lhe Viriato da Cruz e esposa Maria Eugénia Cruz , Mário de Andrade , Amílcar Cabral e dr Eduardo Macedo dos Santos e esposa Maria Judith dos Santos e Maria da Conceição Boavida que em conjunto com a esposa do Dr Hugo José Azancot de Menezes a Maria de La Salette Guerra de Menezes criam o primeiro núcleo da OMA ( fundada a organização das mulheres angolanas ) sendo cinco as fundadoras da OMA ( Ruth Lara ,Maria de La Salete Guerra de Menezes ,Maria da Conceição Boavida ( esposa do Dr Américo Boavida), Maria Judith dos Santos (esposa de um dos fundadores do M.P.L.A Dr Eduardo dos Santos) ,Helena Trovoada (esposa de Miguel Trovoada antigo presidente de São Tomé e Príncipe).
A Maria De La Salette como militante participa em diversas actividades da OMA e em sua casa aloja a Diolinda Rodrigues de Almeida e Matias Rodrigues Miguéis .


Na residência de Hugo, noites e dias árduos ,passados em discussões e trabalho… nasce o MPLA ( movimento popular de libertação de Angola).
Desta forma é criado o 1º comité director do MPLA ,possuindo Menezes o cartão nº 6,sendo na realidade Membro fundador nº5 do MPLA .
De todos ,é o único que possui uma actividade remunerada, utilizando o seu rendimento e meio de transporte pessoal para que o movimento desse os seus primeiros passos.
Dr Hugo de Menezes e Dr Eduardo Macedo dos Santos fazem os primeiros contactos com os refugiados angolanos existentes no Congo de forma clandestina.

A 5 de agosto de 1961 parte com a família para o Congo Leopoldville ,aí forma com outros jovens médicos angolanos recém chegados o CVAAR ( centro voluntário de assistência aos Angolanos refugiados).

Participou na aquisição clandestina de armas de um paiol do governo congolês.
Em 1962 representa o MPLA em Accra(Ghana ) como Freedom Fighters e a esposa tornando-se locutora da rádio GHANA para emissões em língua portuguesa.

Em Accra , contando unicamente com os seus próprios meios, redigiu e editou o primeiro jornal do MPLA , Faúlha.

Em 1964 entrevistou Ernesto Che Guevara como repórter do mesmo jornal, na residência do embaixador de Cuba em Ghana , Armando Entralgo Gonzales.
Ainda em Accra, emprega-se na rádio Ghana juntamente com a sua esposa nas emissões de língua portuguesa onde fazem um trabalho excepcional. Enviam para todo mundo mensagens sobre atrocidades do colonialismo português ,e convida os angolanos a reagirem e lutarem pela sua liberdade. Estas emissões são ouvidas por todos cantos de Angola.

Em 1966´é criada a CLSTP (Comité de libertação de São Tomé e Príncipe ),sendo Hugo um dos fundadores.

Neste mesmo ano dá-se o golpe de estado, e Nkwme Nkruma é deposto. Nesta sequência ,Hugo de Menezes como representante dos interesses do MPLA em Accra ,exilou-se na embaixada de Cuba com ordem de Fidel Castro. Com o golpe de estado, as representações diplomáticas que praticavam uma política favorável a Nkwme Nkruma são obrigadas a abandonar Ghana .Nesta sequência , Hugo foge com a família para o Togo.
Em 1967 Dr Hugo José Azancot parte com esposa para a república popular do Congo - Dolisie onde ambos leccionam no Internato de 4 de Fevereiro e dão apoio aos guerrilheiros das bases em especial á Base Augusto Ngangula ,trabalhando paralelamente para o estado Congolês para poder custear as despesas familhares para que seu esposo tivesse uma disponibilidade total no M.P.L.A sem qualquer remuneração.

Em 1968,Agostinho Neto actual presidente do MPLA convida-o a regressar para o movimento no Congo Brazzaville como médico da segunda região militar: Dirige o SAM e dá assistência médica a todos os militantes que vivem a aquela zona. Acompanha os guerrilheiros nas suas bases ,no interior do território Angolano, onde é alcunhado “ CALA a BOCA” por atravessar essa zona considerada perigosa sempre em silêncio.

Hugo de Menezes colabora na abertura do primeiro estabelecimento de ensino primário e secundário em Dolisie ,onde ele e sua esposa dão aulas.

Saturado dos conflitos internos no MPLA ,aliado a difícil e prolongada vida de sobrevivência ,em 1972 parte para Brazzaville.

Em 1973,descontente com a situação no MPLA e a falta de democraticidade interna ,foi ,com os irmãos Mário e Joaquim Pinto de Andrade , Gentil Viana e outros ,signatários do « Manifesto dos 19», que daria lugar a revolta activa. Neste mesmo ano, participa no congresso de Lusaka pela revolta activa.
Em 1974 entra em Angola ,juntamente com Liceu Vieira Dias e Maria de Céu Carmo Reis ( Depois da chegada a Luanda a saída do aeroporto ,um grupo de pessoas organizadas apedrejou o Hugo de tal forma que foi necessário a intervenção do próprio Liceu Vieira Dias).

Em 1977 é convidado para o cargo de director do hospital Maria Pia onde exerce durante alguns anos .

Na década de 80 exerce o cargo de presidente da junta médica nacional ,dirige e elabora o primeiro simpósio nacional de remédios.

Em 1992 participa na formação do PRD ( partido renovador democrático).
Em 1997-1998 é diagnosticado cancro.

A 11 de Maio de 2000 morre Azancot de Menezes, figura mítica da historia Angolana.