sábado, 6 de outubro de 2007

O PAÍS SOCIALISTA DOS NOSSOS DIAS


A convulsão mundial em que o pântano político se mergulhou tem estado muito favorável ao presidente venezuelano Hugo Chavez. Enquanto o mundo de segurança e de insegurança se guerreiam no Iraque, na Afeganistão, na Tchetchenia russa, em Guantánamo e no mortífero Darfur não árabe, ou melhor, na porção infiel do território sudanês, o presidente Chavez vai alargando as bases do seu novo Estado de Direito na linguagem socialista. Animado pelo sono do anti americanismo que fustiga muitas capitais da política mundial, o senhor da Venezuela vai arrastando para junto de si o tempo da consciência que ainda resiste ao absolutismo que espreita a Venezuela através do populismo e da demagogia.
O fardo dos erros que a América trás “nas costas” através da pessoa de Bush faz com que a opinião mundial se apresse a alinhar-se com tudo que se apresenta como uma alternativa à América dos erros, pouco importa se esta suposta alternativa é uma demagogia ou um trampolim para o absolutismo e ditadura do novo populismo. Depois de ter conseguido neutralizar a maior cadeia televisiva privada do país, o presidente Chavez decidiu apostar numa manobra constitucional para se eternizar no poder e, mais uma vez a comparação é não ser como América.
Numa Venezuela dividida ao meio, de um lado, pelos apoiantes do socialismo de Chavez e de outro, por todos aqueles que não estão com o presidente, o ar pesado do desconforto democrático que se respira através das actuações do presidente venezuelano, parece começar também a preocupar os seus vizinhos. Se até aqui o bloco constituído pela Venezuela de Chavez e a Bolívia de Ivo Morales tem sido visto com desconfiança, o acordo de entendimento entre o presidente venezuelano e o seu homologo iraniano veio acentuar ainda muito mais esta desconfiança. A recente oferta do presidente Chavez em mediar a questão Colombiana não está a cair bem em muitos espaços diplomáticos da região, a tal ponto que o senhor da Venezuela está a ser obrigado a mudar a linguagem de oferta. Resta saber ate que ponto a comunidade internacional refém do petróleo venezuelano continuará também refém da demagogia e do populismo do seu presidente.

Ps: publicado na revista prestígio do mês de Outubro.


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