Numa lógica laboral onde tudo funciona como deve ser é normal que cada um faça o seu trabalho e, sobretudo, que o faça como deve ser. Assim, nesta óptica de raciocínio, a notícia publicada há dias no NL, que dava conta de que a Guiné-Bissau corre o risco de desintegração, não pode deixar de ser percebida como uma tentativa de fazer bem o trabalho que nos foi confiado.
A Guiné é um boom e não precisa do narcotráfico para se desintegrar e nenhum fenómeno social ou de delinquência económica pode ser mais violento que o próprio ambiente histórico tradicional, político e militar guineense. Isto não é uma profecia, é uma realidade material com a qual convivemos há mais de trinta anos. Não se pode, por isso, falar da desintegração da Guiné por causa da droga, mas, provavelmente, de uma redefinição da desintegração do território guineense à luz dos novos interesses.
Como dissemos em artigos anteriores, curiosamente publicados há mais de dois meses (Os olhos postos na Longitude e a A grande “selva” selvagem” de 28 de Abril e 19 de Julho), o problema do alarme do narcotráfico na Guiné, apesar de ser político-militar, não é, nem de perto nem de longe, um problema guineense, é, antes de tudo, um problema Ocidental, é um problema europeu e americano. O rendimento e a economia guineense não permitem que o guineense lide com o fenómeno da droga, a não ser que todos decidam ser funcionários da droga; ora isso é impossível, uma vez que a própria estrutura hierárquica do narcotráfico não quer qualquer guineense para o correio de tráfico, mas sim o guineense. É por isso que é inconcebível e insustentável prever que o país se desintegre simplesmente por narcotráfico; o Brasil e a própria Colômbia apesar da guerra civil deste último, são exemplos de Estados com muito narcotraficantes e que nem por isso são desintegrados. Será que vamos dizer que policias, militares brasileiros ou colombianos entram de mãos abanar em favelas, e isso é desintegração?
Também é abordada a questão de que a instabilidade na Guiné pode mexer com os Estados vizinhos, o que também não deixa de ser questionável, por uma simples razão, de que a Guiné-Bissau nunca foi um Estado estável. Aqui, a correlação não é linear. Cada país tem os seus próprios problemas e que, de modo particular, naquela região é explicável a partir do não entrosamento étnico e regional no relacionamento da vida política e militar. É o caso do Senegal com a questão de casamancesa, é o caso da Serra Leoa com a dicotomia Norte-Sul que se repete também na Costa do Marfim, na Libéria é o ajuste de contas entre a originalidade das elites sociais e políticas, o trauma da americanização africana falhada.
Na Guiné-Bissau não há desintegração e não vai haver desintegração a não ser que os militares guineenses o queiram, mas eles não a querem, porque eles já são ricos e sabemos que quanto mais rico o homem for mais medo ele tem da morte violenta. Alguém se lembra onde o Nino foi encontrado na guerra de 7 de Junho, alguém se lembra de onde Sadam Hussain foi encontrado? É o reflexo do rico que tem tudo a perder e, neste momento, os pobres militares que se enriqueceram à custa da corrupção não estarão dispostos a voltar ao ponto zero do alto pedantismo.
Da mesma maneira é irrealista associar a fragilidade guineense ao terrorismo, até porque esta eventualidade não é um posicionamento recente, uma vez que a imposição do Nino pela comunidade internacional tem justamente a ver com isso. Nino está na presidência porque a comunidade internacional estava convencido de que um homem forte actuaria com mão forte sobre um Estado falhado e consequentemente, impediria os focos do terrorismo internacional. Se ONU declarar o território guineense como sendo o lugar de lavagem de dinheiro para o terrorismo internacional, fá-lo-á por conveniência da má informação e não pela constatação da realidade. Os estudos divulgados na imprensa têm mostrado que há cada vez mais drogas a circular em Portugal e que há também muita gente a cultivar drogas nas suas propriedades. Será que a ONU vai declarar Portugal como um Estado de lavagem de dinheiro para os terroristas? E se falássemos de coisas sérias com objectivos sérios e deixarmos as guerras de ajustes de conta para o campo privado?
16 comentários:
Dr. I. Valentim, confesso que nunca fiquei tão contente com um artigo seu, como este que produziu desta vez.
Por pouco tempo que tenho neste momento para aprofundar o seu raciocínio, resta-me apenas dar-lhe os meus muitos, mas, muitos e muitos parabéns.
Finalmente apareceu um Guineense a fazer alguma defesa em nome da verdade, da nosso pobre e martirizada Guiné-Bissau .
Parabéns.
JP
Quem é bom não vai atrás das cantigas e isso é o que Valentim tem feito. Vamos ver se outros têm coragem de publicar este artigo, mesmo que tenham que pedir autorização.
Letras grandes para parecer que escreve muito.
SINCERAMENTE I VALENTIM,PENSAVA QUE TU FOSSE AQUELES QUE QUEREM UMA GUINE MELHOR AFINAL VOCE ANDA DEFENDENDO AQUELES CRUPTOS,PENSO JA VIU CLASIFICAçAO QUE LUGAR OCUPA GUINE BISSAU,SE TODO MUNDO TEM OLHOS NESTE PAIS E PORQUE HA NARCOTRAFICO,CORUPCAO,VIOLACAO DA CIDADANIA,SEM SERVIR O POVO.
INACIO QUEREMOS NESTA LUTA MUDANçA DO PAIS OBRIGADO.
O Didinho não quiz publicar este ou o Valentim não lho mandou?
CARO ANONIMO MAS PORQUE DIDINHO DEVE PUBLICAR ESTE ARTIGO?
ACHO QUE O SENHOR NUNCA LEO O ARTIGO DIDINHO,ELE NAO é QUALQUER UM,QUE ESTA FAVOR DOS DITADORES,é UM QUE QUER BEM ESTAR DOS TODOS GUINEENSE.
DEVEMOS UNIR TODOS PARA TIRAR ESTES GRUPINHO DO GENERAL DITADOR.
OBRIGADO.
Se o Mandididinho for com eles....., Menos um ditador. Ou não?
Mas porque o senhor/a tem tanto odio pelo nandinho.
veja o exemplo o nosso pais como esta,odio inveja nao leva-nos lado nenhun por favor deixemos de lado tudo isso,unirmos como irmao da mesma mae.
os agentes como didinho e i valentim e muitos outros meresem respeito quanto e defensor do povo guineense pelos males.
desculpem obrigado.
o sr/a, deve ter muitas dificuldades para interpretar o que lê....
"Nigéria, Afeganistão, Birmânia, México, Colômbia e Paquistão.
O Brasil é único país da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) inscrito na Major List.
Os países inscritos na Major List perdem 50 por cento da assistência norte-americana, indica o documento da representação dos EUA em Bissau.
Um relatório divulgado hoje pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, refere que o tráfico de droga está a ameaçar a consolidação da democracia na Guiné-Bissau, apesar dos progressos registados a nível das finanças públicas."
Queria perguntar ao senhor João Carlos Gomes se a ONU vai intervir nestes países designados de Mojor List? É para ver que não deve continuar a produzir lixo e ainda bem que ha pessoas independentes como o Dr. Valentim que sabem ler as coisas. Deixem-sede infantilidade
Esse Calos Gomes, só diz bestialidades.
sr/a eu nao tenho dificuldade de ler muito menos escrever,e que vocé pega no teclado sò para sultar as pessoas que esprimem as suas opinion.
espero que tenha vergonha de acabar com isso.
um abraço forte conteraneo gosto de ver todos unidos como irmaos.
Porque será que Eugénio Costa Almeida deseja que os Estados Unidos bombardeiam a Guiné-Bissau?
Este homem devia explicar melhor porquê que nutre tanto ódio aos Guineenses, pois, só isso explica o artigo que carregado de tanta raiva contra o nosso povo, vitima de todas as adversidades da vida.
Mas, desses ex-colonialistas deve-se esperar tudo.
Este senhor Eugénio só sabe do blá blá, esteve na Católica a convite julgo eu do Valentim e fartá-mo-nos de rir, não sabe nada. Desculpa mano, mas a verdade é isso e tu sabes muito bem que o tipo não sabe nadinha mesmo. O tipo aprenderia à vontade contigo.
como guineense,gostei muito este artigo de Eugénio costa Almeida,se USA,para mim nao é bombordear as popolaçao, mas sim as governantes e militares que privatisan guine como se fosse uma propriedade deles.
espero que essa ideia seja realidade,os guineense agrdesirian muito o wasinton.se capturaran todos estes cruptos ditadores ao servicio do general(naris garande,matchu pabia bu fiondade por iso guine ka consigue retoma se bom caminho).
Não partilho a opinião do mestre Eugénio e muito menos acredito que ele só saiba o blá-blá. Em todo o caso vamos esperar pelo veredicto do tempo, só ele dirá o que é uma análise e o que é uma brincadeira.
Inácio Valentim
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