O conflito chadiano é um dos muitos conflitos mundiais esquecidos ou simplesmente ignorados. Perdido entre a riqueza e o deserto do continente africano, Chade reflecte exactamente o paradoxo das riquezas africanas. O país produz mais de duzentos mil barris de petróleo por dia, no entanto, as pessoas vivem com menos de sessenta cêntimos por dia.
Apesar da presença da força do comando europeu no país, pouco ou nada se fala dele, talvez para não zangar a França que se empenha muito em proteger o presidente ditador, a troco não só dos barris de petróleo para as empresas francesas como também do paternalismo neocolonialista francês.
Apesar de ter graves problemas internos, a parte do seu território não ocupado, isto é, aquela parte que está fora do controlo do governo e dos rebeldes, tem sido transformado numa terra de ninguém onde os refugiados sudaneses e chadianos se encontram. Têm em comum a mesma língua, a mesma etnia, a sorte de estarem separados pela régua colonial e a mesma cultura étnica.
Nas terras de ninguém, Deus parece ser a única “coisa” da qual estas almas peregrinas não sentem falta, já que é o nome mais recorrente e mais repetido no doloroso dialogo entre o absurdo do sofrimento e incerteza da segurança do dia de amanhã. É por isso, que se nos atrevermos a perguntar-lhes, “e o amanhã o que será?”, eles talvez nos responderão, “amanhã será Deus e mesmo no sofrimento, eu estarei bem”.
Sem comentários:
Enviar um comentário