A questão Mugabe parece ser o tema internacional do dia, talvez mesmo o tema internacional de fim ano. O mundo político quer encontrar a unanimidade para mandar o presidente Robert Mugabe para casa. A ideia partiu do primeiro-ministro queniano, sendo corroborada dias depois por Gordon Brown, apesar de Brown não mencionar a origem de ideia que pretende dar uma reforma compulsiva a Mugabe.
Mugabe deve ou não deixar a presidência? Não temos nenhuma simpatia nem pela política do presidente octogenário nem pela sua pessoa. No entanto, parece-nos vergonhoso a atitude da comunidade internacional em relação à África de uma maneira geral. Mandar Mugabe para casa seria simplesmente a confirmação (desnecessaria) da supremacia e da hipocrisia da comunidade internacional, particularmente da União Europeia.
A África não tem só um Mugabe mas muitos. Todos estão interessados em mandar o Mugabe de Zimbabué para casa e não outros Mugabes africanos, justamente porque Rober Mugabe se está revelando um rebelde ante ocidental, uma inconveniência para a moralidade europeia, um arrependimento tardio.
Mugabe não é mais criminoso que a indiferença europeia em relação à RDC ou ao genocídio ruandês para não mencionar só estes já que tornaria numa litania interminável da cumplicidade da comunidade internacional no sofrimento africano. Não se deve apoiar Mugabe mas também não se deve apoiar a demagogia da comunidade internacional.
Ps: Publicado in FM.
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