domingo, 5 de abril de 2009

"DESLIZE PARA A DITADURA"?

Qualquer violência é condenável venha de onde vier. Neste sentido estamos solidários com a manifestação dos partidos políticos guineenses que teve lugar estes dias em Bissau. No entanto, distanciamo-nos deles quando afirmam que a situação actual pode significar um deslize para a ditadura. Pensamos que esta afirmação não é factualmente honesta. Parece que estamos a caminhar para a ditadura, mas não é verdade. O que há é simplesmente uma mudança de protagonistas de poder. Nada do que está a acontecer neste momento é novo na história da política, intervenção e interpelação militar na Guiné. Certamente que alguns se recordarão do espancamento do Dr. Silvestre Alves e do assassinato do comodoro Lamine Sanha em pleno funcionamento democrático. O próprio Carlos Gomes teve que encontrar esconderijo na sede da ONU em Bissau por ter acusado ao presidente Nino de ser mandatário da morte do comodoro Lamine Sanha. Também a memoria nos pode recordar quantas vezes o general Ansumane Mané interveio publicamente humilhando os seus adversários, quer em período de transição tendo como primeiro-ministro o Dr. Fadul, quer já na normalização democrática com o Kumba como presidente República.
Em suma, o que queremos dizer é que não há indícios para que se possa dizer que o país caminha para a ditadura. Existe uma desorientação e ausência de liderança e de referencia pública convincente. O país está no seu estado natural. O ciclo de VIOLENCIA CONSTANTE. Também por esta razão não é justificável o apelo que a oposição faz pedindo a demissão do governo. Todos sabemos que o problema guineense não é político, mas étnico e militar. É o eterno dilema guineense de conflito entre o discurso enquanto palavra e racionalidade, contra acção enquanto instrumento de violência protagonizada pelos militares que impedem a espontaneidade da racionalidade. De Guiné não se pode esperar nada enquanto o problema étnico militar não for solucionado. E, a solução passa em pôr fim a teoria de engrenagem em que a culpabilidade colectiva conduz à demissão da responsabilidade pessoal.
Neste momento, as pessoas parecem estar saturadas de violência que ja vinham consumindo há muito tempo. Há também indicios de que os acontecimentos de Março estão a proporcionar paulatinamente a recusa de actual classe dirigente militar porparte da opinião pública.
Com ou sem presidente em Junho, o problema guineense não será resolvido. Haverá sem dúvidas possibilidade para tapar alguns buracos institucionais, mas não por muito tempo. Tudo será como tem sido até agora. Por uma grande infelicidade guineense, o mal e a tragédia político-militar convivem permissivamente nas casernas

6 comentários:

Anónimo disse...

Mantenhas!!!

A situação por que passa a guiné, merece uma atenção especial na nossa forma de analisa-la. Comungo a mesma leitura consigo em relação ao exagero dos partidos políticos guineense em relação ao rumo do país.
A guiné esta numa situação especial e, é bom que a partir daqui possamos sabiamente buscar soluções positivas dos problemas que todos os guineenses almejam.
Mas, não concordo minimamente consigo em relação a razão de toda este embróglio guineense. A meu ver, o problema da guiné não reside somente nos militares e muito menos nas questões étnicas.
Se não vejamos.
São os militares que roubam descaradamente o dinheiro publico nas finanças e alfandegas?
São militares que vendem a torto e direito os terrenos na CMB?
São militares que não pagam os funcionários públicos?
São militares que não conseguem fazer as instituições públicas funcionarem minimamente?
São os militares que não conseguem conceber uma política social coerente para o país?
São os militares que formam governos como este que temos actualmente?
São militares que propoem a lista daqueles deputados que nos representam?
São os militares que nomeiam os nossos representantes no estrangeiro?
São os militares não permitam com que os guineenses na diaspora não se conseguem unir?
São os militares que também promovem a ditadura que existe na organização dos guineenses na diaspora?
Em relação a questão étnica, onde é que o senhor se baseia, como intelectual, para sustentar que este tem sido razões de conflitualidade na guiné, um estudo de causa e efeito que prova isso?
O país precisa neste momento é de contribuições que propoem saídas para o futuro, porque daquilo que foi o passado sabemos, mas precisamos é de soluções e penso que seria uma mais valia para todos nós concentrarmos nessa tarrefa.
O nosso grande problema, nós os guineenses, falamos muito e pensamos muito. Estamos cheios de doctores, engenheiros, fazedores de opinião etc...mas, infelizmente estão quase todos fora do país, pq o eu sobrepóe-se ao nós.
Obrigado

Inácio Valentim disse...

Parabéns pelo brilho analítico. Estamos sempre aprendendo, por isso mesmo, tomo a sério as suas observações.
Valentim

Armando Quadé disse...

Precisamos nada e menos de uma "verdadeira" reconcilhacao nacional. E é urgente/imperativo a criacao de uma "comissao de verdade e de reconcilhacao nacional."

Anónimo disse...

O problema nunca foi o tribalismo nem os militares, ou seja a ditadura. O problema da guiné sempre foi: Bocasinho e bariga di meia" se juntar-mos a isso a falta de honra, que grande salganhada.

Anónimo disse...

Parece que temos temos tido visita dos enraivecidos. Se o problema da Guinén nunca foi o tribalismo e militar, então não temos problemas. Que disse há dias o representannte da ONU em Bissau? Voltem a granja onde se fabrica o blabla blabla.

Anónimo disse...

Os humilhados nunca se cansam de chupar a humilhação ainda que isso implique que mentam, e mentam continuamente. Quem sabe cita para dar autoridade aos seu argumentos. Quem vive de blabla se limita a produzir espumas de ideias. Penso que agora terão que contradizer tudo o que diziam de ti quando lhes convinha, meu caro amigo. Quem publica o que segue mesmo sabendo da tamanha mentira, só pode ser uma pessoa bastante preocuda e temerosa com a análise daqueles sabem ver a guiné com olhos diferentes de ódio e protagonismo.
"3. Fernando Casimiro. – Há uns bons anos atrás, em Lisboa, era frequentemente “borbardeado”, por um conhecido meu, com nomes de pensadores ocidentais que se haviam destacado no ramo das ciências sociais e políticas; esse, que foi um breve companheiro de andanças universitárias, não se cansava de me desafiar com citações, em claras tentativas de intimidação intelectual rasca. Desde cedo me apercebi que tão ilustres nomes que saiam das suas fossas nasais, longe de terem constituído objectos de conhecimento minimamente profundo, resultavam de nomes que na aula anterior ele ouvira dos seus “Profs”. As cenas desafiantes repetiam-se quase diariamente, apesar de resultarem, sempre, em frustrações renovadas. É óbvio que já ouvira falar dos autores que ele me propunha; mais, eu até lhe dava uma “mãozinha” nomeando uma ou duas obras dos autores proferidos a um ritmo diário, sempre que os conhecesse, fruto, penso eu, duma preparação secundária razoável (sem falsas modéstias)."
Que Deus nos ajude "em defesa do povo f".