domingo, 29 de abril de 2007

BACAI, O RETORNADO E A QUESTÃO POLÍTICA PARTIDÁRIA

Malam Bacai Sanhá declarou há dias ser candidato à liderança do partido de Amílcar Cabral, o PAIGC. Numa clara corrida contra o tempo, que curiosamente até está a seu favor neste momento, Bacai tentou apaziguar os ânimos atormentados com aproximação do 7º congresso do partido bagunça. Ao apresentar-se como o candidato para a unificação das facções, está politicamente a dar o último golpe de misericórdia que faltava no cortejo fúnebre da existência política do Cadogo.
Com efeito, é uma falsa pretensa apresentar-se como candidato da união dentro do PAIGC, uma vez que ele nunca se opôs à ala ninista, isto é, Bacai nunca esteve verdadeiramente do lado do PAIGC protagonizado pelo Cadogo. Carlos Gomes foi para ele simplesmente um meio na tentativa de conseguir um fim. É lógico que após o falhanço na consumação do fim, o turista político procure outros rumos. Contudo, é uma lógica contra natura, uma vez que Malam voltou justamente para ser presenteado pelo general e este sabe que está em divida para com o silêncio do turista político de Dakar. A compra e venda dos ares palacianos senegaleses vão custar muito ao general e ao novo pretende à chefia do histórico partido guineense.
A única vantagem que o “Nino” tem com o regresso de Bacai, é que, pode ser uma boa saída para cancelar todo e qualquer movimento do Hélder. Não há dúvidas que Bacai tem mais prestigio político e granjeia mais simpatia que o Hélder dentro e fora do partido. Porém, continua uma questão em aberto. Como integrar Bacai e expulsar o Hélder automaticamente sem o ter feito primeiro-ministro? Assim, o regresso de Bacai à cena partidária retoma a eterna questão política do PAIGC: a conspiração. Neste momento, a candidatura de Bacai é mais uma pedra para os saptos do “Nino”. Aceitar Malam de braços abertos ou deixar primeiro que o Hélder cometa erros?
A quase certa vitória de Bacai no próximo congresso é um carimbo infalível para que a Guiné tenha o Kumba nas próximas eleições presidenciais, como o presidente da República. É bom que o PAIGC não adie o país novamente como o fez com o regresso do ditador. Mário Cabral seria não só uma alternativa segura para o partido, como também uma imagem de uma Guiné que se quer credível politicamente para o mundo, caso contrário, a comunidade internacional voltará a forjar a candidatura do “Nino” e a sua consequente vitória.

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