sábado, 28 de abril de 2007

O SILÊNCIO MILITAR

O SILÊNCIO MILITAR

Pela primeira vez na história politica do país, a meio de uma profunda crise institucional, ainda não se ouviu a opinião militar acerca do que se está a passar. Será porque a classe castrense aprendeu a conviver com a democracia guineense? Duvido.
O silêncio militar em relação à actual questão constitucional guineense revela o equilíbrio de forças entre as duas alas militares que lutam pelo “Nino” apesar de o odiarem. E claro, o general presidente aproveita da situação, que em termos de solidez não lhe é propriamente favorável para humilhar a classe política que o quer desafiar.
As guerras de corredores entre a ala de Artur Sanhá e a ala de Hélder permitem ao “Nino” de usar o tempo e desgastar a pobre oposição que se matou ao decidir ela mesma em apoiar o ditador na segunda volta presidencial das últimas eleições. Assim, o general sabendo que as duas alas militares não se importariam de se degolarem entre si desde que uma delas detenha primazia nas Forças Armadas, vai fazendo do jogo do tempo, a cartada maquiavélica para desacreditar aqueles que ainda acreditam ingenuamente que são opositores, o PUSD é a provo disso.
O silêncio militar tem também a ver com a conivência entre o Governo e os próprios militares no que diz respeito ao tráfico de drogas. Alguns oficiais militares sabem que a queda do Governo pode implicar uma tentativa de desmantelar o cartel do dinheiro ilícito que lhes advém através das drogas.
Se nesta primeira fase da crise institucional não houve intervenção militar, há-de esperar seguramente que haja na segunda fase, isto é, se o novo Governo decidir travar o tráfico de droga, terá que confrontar directamente os militares, e aí não há duvidas de que vai haver festa. A Guiné política e militar está neste momento armadilhada para o proveito do “Nino”, já ninguém é inocente, todos se sujaram com o dinheiro do ditador.

Inácio Valentim

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