Que acontecerá depois com a morte do “pai”? Como serão geridos os remorsos e o sentimento de culpa praticado contra o pai? São muitas as perguntas que a consciência retrospectiva guineense hoje se coloca. Entramos num campo freudiano, experimentamos todos a desobediência ao totem e todos, desrespeitamos os tabus clánicos, o que induz que estamos a caminho de perdição.
Aqui, não estamos para fazer uma apologia aos mortos, também não temos intenção de condená-los, o “destino” já encarregou de fazê-lo e fê-lo com veemência. O nosso objectivo aqui é simplesmente perguntar onde estamos e que planos temos para o futuro, isto é, para que direcção queremos seguir. Os apelos a unidade feitos nestes dias fúnebres na Guiné representam simplesmente, o medo, a perdição e o pavor de ver o futuro como a incerteza de todo um povo. Mas, também é a consciência da grandeza do “pai” morto, o herói, o vilão e o sanguinário. Muitos adjectivos e atributos para um mesmo homem. Aquele que unia todos na divisão de todos, por isso mesmo, a única referencia palpável no meio de perdição de todos. Natural por isso que a pergunta que se coloca neste momento, que aliás já tinha sido colocada pelos rostos e olhares sisudos que acompanharam o desfile da imundice de sua mortandade seja, “e agora?”.
O caos guineense presente, é a consequência de uma longa responsabilidade colectiva sem a responsabilização individual, tendo como paradoxo, a demissão pessoal de qualquer tipo de responsabilidade pública. O conhecidíssimo epitáfio dos mortos vivos guineenses, “nha boca castala” é um exemplo óbvio de como as pessoas viraram costas às suas responsabilidades. E é justamente esta situação que permite a manutenção da teoria de engrenagem em que a responsabilidade é sempre dos outros e nunca minha.
Criamos de propósito uma espécie de “outros” vazios para que eles levem com as nossas culpas e responsabilidades por isso, vivemos de transição em transição; de eleição em eleição mas sem um poder constituinte verdadeiro.
Aqui, não estamos para fazer uma apologia aos mortos, também não temos intenção de condená-los, o “destino” já encarregou de fazê-lo e fê-lo com veemência. O nosso objectivo aqui é simplesmente perguntar onde estamos e que planos temos para o futuro, isto é, para que direcção queremos seguir. Os apelos a unidade feitos nestes dias fúnebres na Guiné representam simplesmente, o medo, a perdição e o pavor de ver o futuro como a incerteza de todo um povo. Mas, também é a consciência da grandeza do “pai” morto, o herói, o vilão e o sanguinário. Muitos adjectivos e atributos para um mesmo homem. Aquele que unia todos na divisão de todos, por isso mesmo, a única referencia palpável no meio de perdição de todos. Natural por isso que a pergunta que se coloca neste momento, que aliás já tinha sido colocada pelos rostos e olhares sisudos que acompanharam o desfile da imundice de sua mortandade seja, “e agora?”.
O caos guineense presente, é a consequência de uma longa responsabilidade colectiva sem a responsabilização individual, tendo como paradoxo, a demissão pessoal de qualquer tipo de responsabilidade pública. O conhecidíssimo epitáfio dos mortos vivos guineenses, “nha boca castala” é um exemplo óbvio de como as pessoas viraram costas às suas responsabilidades. E é justamente esta situação que permite a manutenção da teoria de engrenagem em que a responsabilidade é sempre dos outros e nunca minha.
Criamos de propósito uma espécie de “outros” vazios para que eles levem com as nossas culpas e responsabilidades por isso, vivemos de transição em transição; de eleição em eleição mas sem um poder constituinte verdadeiro.
4 comentários:
Oi Valetim, mais um brilhante artigo!
Aqui esta “pattern” da resolucao dos “caos” que tem estado abalar o nosso Guiné :
apresamos os defuntos as suas respectiva sepultura e logo logo a seguir realizamos, mais uma, nova eleicao.
Mas, pergunto eu! Qual é o resultado de positivo obtemos até agora?!
E com mais uma nova eleicao em vista, parece que até agora nao precebemos que estes (eleicoes) nada se resolvem e nada o que esta previsto vai resolver perante series de problemas enfrentam o pais.
No meu opiniao, acho que todos temos que dizer: basta a conviniencia. Chega a forma como eleicoes tem sido usado como formas de resolucao de sucessivos conflictos na Guiné.
Sim queremos tanto ultrapassar os sucessivos "estado de sítio," por isso, primeiro temos que proporcionar profunda/serissimo/honesto debates publico (incluindo militares, politicos, sociedade civil, cidadaos comum, etc), onde vamos adressar todos problemas « de fundo » sem receio nenhum ...
Assim, acho que uma « comissao de verdade e de reconcilhacao nacional » é imperativo, como aconteceu na Africa de Sul. Se nao, nao queria ser pessimista aqui mas, todos estamos fudidos!
Armando Quadé
armandoquade@gmail.com
Certamente que alguns leitores Vêe que os seus comentários não estão a ser publicados. A nossa política continua a ser a mesma: divergir na opinião caso seja necessário, atacar os artgumentos, contrariar mas nunca insultar. Eis a razão porque muitos dos comentários insultuosos ao Didinho não estão a ser publicados. Publicaremos todos os pontos de vistas divirgentes com o Didinho ou com qualquer pessoa mas não os insultos. Aqui não temos o monopolio da verdade, mas temos e somos responsáveis dos nossos actos.
Valentim
Lá estamos nós sempre a navegar nos mares de incertezas.
Diz-se a boca cheia e também já noticiado no site Angop, que o Sr. Cadogo Júnior será o candidato do paigc para as próximas presidenciais.
Tem todo o direito como qualquer cidadão, isso não se discute. O que deixa algumas perplexidades é a sua saída obvia da liderança do governo e também do partido no poder.
Eis que começamos todos com as inquietações de sempre, a saber, quem será o seu substituto nesses cargos que ele irá deixar?
Conseguirá outra pessoa na actual conjuntura manter a unidade e coesão interna no partido de Cabral?
Quem conseguirá governar aquele País neste momento sem o carisma do Sr. Cadogo?
Não tenho dúvidas que se o partido não encontrar outra pessoa para se candidatar às presidenciais e tal for a ambição (desmedida qualifica-se) do Cadogo a este cargo, a Guiné continuará nesta deriva de instabilidade por muitos e muitos anos.
Pensemos nisto.
Meu caro, muito obrigado por esta análise. Ha quem chega sempre atrasado, por exemço: "Cabe a cada um de nós reflectir seriamente sobre quem devemos responsabilizar nesta matéria e deixarmos de arranjar bodes expiatórios para os nossos grandes males que são a indiferença e a ocultação da verdade."
Tenho dito.
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