sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

A SORTE DOS FRACOS

O novo ano não podia ter começado de pior maneira para os países de África, e em particular, para os países que estão em conflito. Já pela contingência política e diplomática estes conflitos estavam esquecidos, agora com o recrudescer do conflito israelo-palestiniano, a guerra dos pobres corre o risco de nunca mais ser mencionada a não ser por uma complacência permissiva.
A preocupação mundial parece estar virada para o Médio Oriente. O peso político de Israel absorveu todas as atenções possíveis. O Ocidente está mais preocupado com este conflito porque sabe que a sua má gestão pode ter uma consequência directa para as suas portas. Isto é, pode ser um pretexto para que o terror volte a fazer ruir a frágil segurança das fronteiras europeias.
As guerras de África não têm um impacto negativo directo na segurança europeia e americana. Quanto muito pode influir na economia de Ocidente, mas não na sua segurança como é o caso dos conflitos do Médio Oriente. A República Democrática de Congo passou o fim de ano debaixo de massacre, mas o mundo pouco ou nada disse ou sabe. Este cenário corre o risco de perdurar se, se mantiver a crise israelo-palestiniano. Estamos quase a voltar a viver o drama de Ruanda, quando a informação de festival de CAN suplantou de modo cúmplice a informação sobre o massacre dos inocentes.
É a sorte dos fracos. E talvez, o destino daqueles que nunca querem aprender a fazer política.
PS: Públicado in FM.

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